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Taekwondo Marcial x Taekwondo Olímpico

  • Foto do escritor: Jorge Henrique André
    Jorge Henrique André
  • 4 de dez. de 2018
  • 6 min de leitura

Breve histórico: Alguns pesquisadores consideram que o Taekwondo remonta há mais de 1.800 anos, sendo originário do aprimoramento de várias lutas antigas praticadas nos reinos coreanos, como o SOO BAK, SO BAK HEE, TAE KYON, e outras, acrescentando mais tarde o uso dos pés e das mãos como forma de luta (TAE KYON).

A Coréia nestes tempos era dividida por três reinos: o Koguryu, o Baek-je e o Sila.

Contudo, o Taekwondo na forma que conhecemos hoje, remonta uma história mais recente, com a invasão da Coréia pelos japoneses e sua ocupação durante o período de 1909 a 1945, quando a prática do TAE KYON foi proibida enquanto o Karate era difundido pela Coréia e pelo mundo.

Após a retirada dos japoneses em 1945 é que os Coreanos voltaram a praticar as artes originalmente coreanas e dez anos após o término da Guerra em 1955, idealizada pelo general do exército coreano Choi Hong Hee, unificando as várias escolas existentes denominado com o nome de TAE SOO DO e logo em seguida, com forte influência do Karate Shotokan, foi adotado o nome definitivo de TAEKWONDO, como é conhecido mundialmente hoje.

Dessa forma, Choi formatou um estilo de luta em pé, na qual a velocidade e a plasticidade dos movimentos envolvendo saltos e chutes variados que distinguiria o “Karate coreano” (como foi chamado nos EUA) das demais modalidades já existentes. O plano de Choi era formar instrutores e os enviar aos principais países da Ásia, Europa e América do Norte e Sul. E assim foi feito poucos anos depois.

Chegando ao Brasil nos anos de 1970 os instrutores da modalidade abriram suas academias e cuidaram da ampla divulgação dessa arte, para que a população tivesse contato com aquela nova forma de luta em pé, na qual saltos e chutes variados de enorme plasticidade os levassem a praticar aquele novo estilo.

Devido ao grande sucesso, as academias lotaram. Os giros e saltos, antes vistos apenas nos cinemas e protagonizados por Bruce Lee e outras estrelas das artes marciais, bem como quebramentos de tijolos e telhas com os punhos, chegavam ao Brasil por meio do Taekwondo.

Naquela época, chamar esta arte marcial de esporte era quase uma heresia. O taekwondista daquela época se preocupava fortemente com o apuro técnico do movimento e, especialmente, com o fortalecimento das extremidades dos pés, pernas, mãos e braços. Porém, com a assunção de um novo governo no início dos anos de 1970, a Coréia presenciou o afastamento do criador do taekwondo dos poderes decisórios relativos à modalidade. Já assentado em alguns países importantes do mundo, um processo de esportivização do Taekwondo foi iniciado com a criação da Federação Mundial, ao mesmo tempo em que federações nacionais também se formavam em todos os países que dispunha de instrutores coreanos.

Regras então foram estabelecidas. Do confronto direto, foram retiradas diversas técnicas do aprendizado original. Socos no rosto, cotoveladas, joelhadas, chutes abaixo da cintura, ataques com as pontas dos dedos não poderiam ser aplicados nas competições sob pena de punição ou desclassificação.

O único equipamento de proteção que o praticante poderia contar era com o colete de tórax feito de bambu cujo objetivo era evitar lesões mais sérias. Os protetores de cabeça, no entanto, só apareceram em 1987, em razão do histórico de lesões provocadas pela violência do impacto dos chutes. Também porque a não inclusão deste equipamento poderia traduzir-se em empecilho à chegada do taekwondo aos Jogos Olímpicos.

Podemos entender que o taekwondo passava a ser encarado como um esporte, visto que era cotado como nova modalidade Olímpica. As aulas dentro das academias passaram a ter um viés curricular diferenciado e bem mais voltado ao treinamento de competição, eliminando ou deixando para segundo plano por exemplo, o fortalecimento de dedos e extremidades das mãos, onde poucas academias dispunham de equipamentos voltados para isso. Treinamentos de cotovelada e joelhadas ficaram restritos a um programa curricular a ser apresentado tão-somente no momento em que se mudava de graduação. Movimentos de saltos, foram negligenciados em Escolas de Taekwondo mais voltadas para as competições.

A proteção aos lutadores foi aumentando. Eles já adentravam à área de competição com coletes de tórax, capacete, protetores de pernas e braços e uma proteção genital.

Ao ser apresentado nas Olimpíadas de Sídney na Austrália, no ano de 2000, a modalidade se tornaria aos olhos da imprensa mundial, não mais uma arte marcial, e sim um esporte regrado a chutes rápidos desferidos com altíssima velocidade e força na altura do tronco, buscando a consignação de um único ponto. Os chutes rodados (de enorme apuro técnico) visando o contra-ataque, foram ficando menos requisitados nas competições de alto nível. O chute no rosto, por exemplo, possuía o mesmo peso dado ao chute simples no tronco, servindo apenas aos critérios de desempate. Os treinadores passaram, dessa forma, a priorizar os movimentos semicirculares diretos, duplos e triplos.

Mas isso foi modificado a partir de 2002, quando o chute no rosto passou a valer dois pontos. Pouco depois aumentado para três ou quatro pontos dependendo da complexidade da técnica.

À medida que o tempo foi passando e a esportivização do taekwondo se organizando, a Federação Mundial – atendendo demandas do Comitê Olímpico Internacional de preservação ao máximo da integridade física do agora atleta – orientou que a arbitragem deferisse pontuação no rosto quando um simples toque com qualquer parte do pé atingisse o protetor de cabeça. Tentava-se com isso diminuir, nas Olimpíadas, os nocautes que ocorreram nas edições anteriores.

Paralelo ao glamour de se ter o taekwondo nos Jogos Olímpicos, as atenções do mundo das artes marciais, passava a se voltar fortemente para o MMA e os combates entre grandes lutadores de Jiu jitsu, Wrestling e Muai Thay.

Mestres e professores de taekwondo, no entanto, continuavam apostando no crescimento da modalidade apoiado na transformação da arte marcial em esporte. Mas isso não aconteceu.

O taekwondo já esteve presente em quatro Olimpíadas e o retorno em número de alunos matriculados nas academias, pelo menos no Brasil, em vista do que se esperava, foi muito ruim.

Contraditoriamente, o taekwondo está bem mais conhecido hoje do que há 30 anos. Todavia, aos olhos da imprensa e da sociedade, a modalidade não passa de um esporte de pouca eficiência marcial.

Muitos que conhecem, acreditam, por exemplo, que os braços e os punhos não são utilizados.

O desempenho de um lutador de taekwondo é medido e indicado de acordo com um sistema de cores de faixas usadas em sua vestimenta. Esse sistema é dividido de duas formas: primeiramente em gubs e depois, em dans. As graduações de faixas gubs se tratam de uma sequência de cores e combinações de cores, enquanto as graduações de faixar dans constituem variações da faixa preta. A ordem crescente das faixas gubs segue é a seguinte:

Branca

Branca com ponta amarela

Amarela

Amarela com ponta verde

Verde

Verde com ponta azul

Azul

Azul com ponta vermelha

Vermelha

Vermelha com ponta preta

Preta

As regras do taekwondo

Segundo as determinações da WTF, Worldwide Taekwondo Federation, as lutas tem duração variável, de acordo com o nível de graduação atingido pelo lutador. Para os faixas-preta, a luta tem duração de 6 minutos, sendo dividida em três rounds de 2 minutos. Para os lutadores de faixas coloridas, a luta tem duração de 3 minutos e se divide em dois rounds de um minutos e meio.

Os golpes dados acumulam pontos para o lutador que os fizer. Um chute dado no tórax vale 1 ponto; um chute giratório no tórax, por sua vez, vale 2 pontos; um chute na cabeça vale 3 pontos e um chute giratório na cabeça, 4 pontos.

Caso um dos lutadores consiga nocautear seu oponente, ele é considerado vencedor da partida.

Caso nenhum dos lutadores seja nocauteado, ao final do último round, é feita uma contagem de pontos de acordo com os golpes executados. Aquele que tiver acumulado mais pontos é, então, considerado vencedor da partida.

Em caso de empate, é feito um outro round e o lutador que conquistar o chamado Golden Point vence. O Golden Point é conquistado por qualquer golpe executado.

Se um dos lutadores tiver vantagem de 12 pontos ao final do segundo round, sua vitória também pode ser declarada.



Já o Taekwondo marcial, é uma arte marcial completa, o intuito de desenvolver a defesa pessoal, onde o praticante faz treinamento de respiração, calejamento, técnicas de concentração e treinos de resistência. As lutas são feitas no estilo contato total, sem proteção e valendo chutes baixos, socos no rostos, quedas, estrangulamento e imobilização. O aprendizado no uso de armas brancas e armas de improviso também faz parte do currículo do aluno. Técnicas com arma de fogo também são ensinadas, mas nesse caso somente aos militares.

O Taekwondo marcial é usado pelas forças armadas e policiais da península coreana.



Dessa forma, concluímos que o taekwondo, apesar de conferir ao desportista de alto rendimento, técnicas inigualáveis de chutes, precisa aparecer novamente à sociedade como arte marcial eficiente, para estabelecer definitivamente o entendimento de que o taekwondo olímpico desportivo é parte integrante do taekwondo arte marcial.

Fontes:

Livro: Arte Marcial Coreana – Tae Kwon Do Vol. 1

Grão Mestre Antonio Alves SMU 7º dan de Taekwondo, 3º dan de Hapkido, Instrutor de Kapap – Krav Maga.

Marcus Rezende é 6° dan de Taekwondo, comentarista do Taekwondo pelo canal SporTV nas Olimpíadas de 2000 a 2012.

 
 
 

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1 Comment


jhinfo69
Dec 05, 2018

Texto dedicado ao Mestre e amigo Antonio Alves SMU, e a todo o Clã SMU.


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